Nos campos do Alentejo,
lá para os lados das voltas,
muito tempo eu passava,
com os meus tios, caseiros,
numa parcela pequena
muito tempo eu passava,
onde ovelhas e vacas pastavam!
Mesmo juntinho à ribeira,
que faz fronteira com Espanha,
em noites de lua cheia,
com meu tio,Manuel íamos
eu e meu primo João pescar
e com grande entusiasmo
as redes de peixe tirar!
E era lindo de se ver,
em noite de lua cheia.
as bogas todas a boiar
como um manto de prata
a noite parecia dia,
e ao longo da ribeira
muito peixinho havia!
Também se pescava à lapa,
com meu tio e meu primo João
percorríamos a ribeira
e naquelas grandes charcas
com a águas transparente
debaixo das lapas havia
peixinho para toda a gente!
Eram tempo difíceis,
o contrabando abundava
e com a minha tia Lala,
vinhamos à vila de burrico..
eu e o meu primo João.
buscar o café que se levava...
e com as crianças se disfarçava!
Café "Barco" se chamava...
e o meu tio Manuel pela noite,
para Espanha o passava..
e a entrega era feita,
na choça do tio Laureano
chovesse ou fizesse frio,
mesmo com a ribeira cheia,
o negócio não parava!
E eu e o meu primo João
lá no monte nós ficávamos
assim como dois irmãos,
que os nossos tios adoravam
e durante muitos anos
A rotina se mantinha...
nós éramos os dois filhos,
que os meus tios não tinham!
E na noite de Natal,
fingindo que não sabíamos,
punhamos sapatos na chaminé
aguardando que o Menino Jesus,
pusesse neles as prendinhas.
que só no outro dia se abriam,
logo pela manhãzinha,
Sempre com grande alegria!
Passaram-se tantos anos...
mas não me consigo esquecer
as prendas do sapatinho,
que nos enchiam de prazer...
e daquele amor e carinho,
que nossos tios nos deram,
fazendo de nós os filhos,
que eles nunca tiveram!
Onde quer que vocês estejam,
vos lembrarei com saudades
e eu nunca esquecerei
de todo o amor que me deram
e de todo o carinho sem fim....
que em meu coração deixaram,
guardando a sete chaves
a gratidão e a vossa bondade!
antonia bergano.
5.11.2015
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